segunda-feira, 10 de junho de 2013

Rede Minas fará concurso para 290 vagas!

A Rede Minas de Televisão, em quase 30 anos de atividade, enfrenta sua maior crise. O futuro dos 28 programas locais que estão no ar, que ocupam quatro horas e meia diárias de atrações inéditas na grade da emissora, é incerto. Até o fim do ano, a maioria dos 430 funcionários deverá ser demitida para dar lugar a futuros servidores contratados via concurso público e, com isso, parte da programação regional deverá ser substituída por reprises ou produções realizadas de maneira improvisada. Até o próprio diretor-executivo da emissora, Hugo Teixeira, não pode prever o impacto da situação: “Não sei, hoje, dizer como manteremos a programação”, afirma.

Foi em 1984, para promover intercâmbio de valores, educação e cultura entre a população mineira, que a então TV Minas entrou no ar. Começou timidamente, alcançando municípios próximos à capital e retransmitindo a TVE do Rio de Janeiro. As primeiras experiências de produções locais ocorreram um ano depois e a ampliação foi sendo feita até que, em 1992, a emissora passou a distribuir também as atrações da TV Cultura de São Paulo. Em 1995, ocorreu outro salto, quando a TV Minas se tornou Rede Minas, com a missão de ampliar o alcance regional para a maioria das cidades mineiras. Desde 2005, funciona em parceria com a Associação de Desenvolvimento de Radiodifusão de Minas Gerais (ADTV), que, na prática, permitiu um regime de contratações diferenciado e mais maleável, considerado mais adequado às características da produção televisiva, o mesmo que a Justiça acaba de barrar.

Desde que o Ministério Público do Trabalho condenou a Rede Minas a pagar uma multa de quase R$ 4 milhões pela não realização de concurso público em 2004, a situação ficou tensa. No mês passado, cerca de 50 profissionais não concursados das áreas de jornalismo, produção, programação e administração foram demitidos. Outros cortes drásticos estão previstos para os próximos meses entre os 400 funcionários restantes no quadro de pessoal da emissora, preparando o terreno para a realização do concurso. A previsão é de que apenas 290 vagas sejam abertas. As demais, cerca de 80, consideradas estratégicas, relacionadas a cargos de chefia, apresentadores e profissionais das áreas de criação, deverão ser preenchidas por cargos de recrutamento amplo, sem concurso. Ou seja, o quadro de pessoal, mesmo depois da realização do concurso, será reduzido.

“Está muito difícil trabalhar lá, porque as pessoas estão tendo que se desdobrar para colocar a emissora no ar. A TV Minas é engraçada: as pessoas se apaixonam. Não há outro lugar aqui para fazer uma televisão criativa”, compara Mariana Tavares, ex-apresentadora do Curta. Depois de 22 anos na emissora, ela conta que deve muito à antiga casa. “Fui editora, repórter, roteirista de documentário, apresentadora e fui surpreendida com a demissão. Não entendi minha saída. Achei que merecia ao menos uma conversa, pela minha trajetória. Não gravei nem uma despedida. Faltou respeito, sim.” Apesar de a situação atual ser complicada, a apresentadora acha que o futuro pode ser melhor. “As pessoas serão concursadas e terão estabilidade. Nesses anos todos lá dentro, passei por cinco regimes de contratações”, diz Mariana.

A preocupação da maioria dos funcionários, a curto prazo, é de uma perda significativa da qualidade da programação da Rede Minas. Graças à criatividade local, a emissora se tornou a terceira maior TV pública do país, atrás da TV Cultura de São Paulo e da TV Brasil. Com vários prêmios e atrações exibidas nacionalmente, como o 'Alto-falante' e o 'Dango Balango', a emissora, caso se configure a transição prevista, terá prejuízo evidente, como avaliam vários profissionais em atuação na emissora, que preferiram não se identificar temendo represálias.


“A Rede Minas surgiu com a esperança de que o estado pudesse ter produções locais. Sempre exportamos. Atualmente estava cumprindo o seu papel. Com a má gestão e a grande confusão que sucessivos governos fizeram, ela foi terceirizada. Assim a sucatearam. Passei lá no ano 2000 e a redação nem sequer tinha computador”, exemplifica Eneida da Costa, presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais. “A emissora entrou num beco sem saída”, lamenta a dirigente sindical.

Fonte: Portal UAI - Caderno Divirta-se. Confira a reportagem completa! 




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