Foi em 1984, para promover intercâmbio de valores, educação e cultura entre a população mineira, que a então TV Minas entrou no ar. Começou
timidamente, alcançando municípios próximos à capital e retransmitindo a TVE do
Rio de Janeiro. As primeiras experiências de produções locais ocorreram um ano
depois e a ampliação foi sendo feita até que, em 1992, a emissora passou a
distribuir também as atrações da TV Cultura de São Paulo. Em 1995, ocorreu
outro salto, quando a TV Minas se tornou Rede Minas, com a missão de ampliar o
alcance regional para a maioria das cidades mineiras. Desde 2005, funciona em
parceria com a Associação de Desenvolvimento de Radiodifusão de Minas Gerais
(ADTV), que, na prática, permitiu um regime de contratações diferenciado e mais
maleável, considerado mais adequado às características da produção televisiva,
o mesmo que a Justiça acaba de barrar.
Desde que o Ministério Público do Trabalho condenou a Rede Minas a
pagar uma multa de quase R$ 4 milhões pela não realização de concurso público em 2004, a situação ficou tensa. No mês passado, cerca de 50
profissionais não concursados das áreas de jornalismo, produção, programação e
administração foram demitidos. Outros cortes drásticos estão previstos para os
próximos meses entre os 400 funcionários restantes no quadro de pessoal da
emissora, preparando o terreno para a realização do concurso. A previsão é de
que apenas 290 vagas sejam abertas. As demais, cerca de 80, consideradas
estratégicas, relacionadas a cargos de chefia, apresentadores e profissionais
das áreas de criação, deverão ser preenchidas por cargos de recrutamento amplo,
sem concurso. Ou seja, o quadro de pessoal, mesmo depois da realização do
concurso, será reduzido.
“Está muito difícil trabalhar lá, porque as pessoas estão tendo que se
desdobrar para colocar a emissora no ar. A TV Minas é engraçada: as pessoas se
apaixonam. Não há outro lugar aqui para fazer uma televisão criativa”, compara
Mariana Tavares, ex-apresentadora do Curta. Depois de 22 anos na emissora, ela
conta que deve muito à antiga casa. “Fui editora, repórter, roteirista de documentário, apresentadora e fui surpreendida com a demissão. Não entendi
minha saída. Achei que merecia ao menos uma conversa, pela minha trajetória.
Não gravei nem uma despedida. Faltou respeito, sim.” Apesar de a situação atual
ser complicada, a apresentadora acha que o futuro pode ser melhor. “As pessoas
serão concursadas e terão estabilidade. Nesses anos todos lá dentro, passei por
cinco regimes de contratações”, diz Mariana.
A preocupação da maioria dos funcionários, a curto prazo, é de uma perda
significativa da qualidade da programação da Rede Minas. Graças à criatividade
local, a emissora se tornou a terceira maior TV pública do país, atrás da TV
Cultura de São Paulo e da TV Brasil. Com vários prêmios e atrações exibidas nacionalmente,
como o 'Alto-falante' e o 'Dango Balango', a emissora, caso se configure a
transição prevista, terá prejuízo evidente, como avaliam vários profissionais
em atuação na emissora, que preferiram não se identificar temendo represálias.
“A Rede Minas surgiu com a esperança de que o estado pudesse ter produções
locais. Sempre exportamos. Atualmente estava cumprindo o seu papel. Com a má
gestão e a grande confusão que sucessivos governos fizeram, ela foi
terceirizada. Assim a sucatearam. Passei lá no ano 2000 e a redação nem sequer
tinha computador”, exemplifica Eneida da Costa, presidente do Sindicato dos
Jornalistas Profissionais de Minas Gerais. “A emissora entrou num beco sem
saída”, lamenta a dirigente sindical.
Fonte: Portal UAI - Caderno Divirta-se. Confira a reportagem completa!
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